sábado, dezembro 23, 2006

Balanço 2006 - Política, Economia e Mídia

Chegamos a mais um fim de ano. Nessa época muita gente, inclusive eu, pára para analisar como foi o ano que passou e o que espera para o ano seguinte.

Não vou me ater a detalhes pessoais e particulares. Não é conveniente. Mas fazendo uma retrospectiva do ano, dá para avaliar muita coisa. Economia, política, vida cotidiana...

Política e Economia
Na política não posso de me sentir envergonhado. As eleições mostraram que estou no país errado. Pela primeira vez encarei friamente. Coisa de quem faz exatas.

Além da óbvia decepção com a eleição para o poder executivo nas duas esferas, o que me chocou mais foi a eleição do legislativo. Eleger pessoas declaradamente envolvidas em escândalos, ou sem a mínima qualificação foi o ó. Onde já se viu Clodovil e Frank Aguiar. O que falta para as próximas eleições? Lacraia? Carla Perez? Tati "Quebra-Barraco"? Isso citando os despreparados, agora para a ladroeira que tal uma coisa mais explícita? PCC? Fernandinho Beira-Mar? Geleião? Marcola?

Fora que as campanhas nunca mudam. Sempre tem aquela musiquinha de fanfarra. Ô desgraça. O PSDB, que sempre tenta passar a imagem de seriedade, de trabalho... E o discurso do Lula? Eu queria saber quem é que prepara o discurso dele. Eu daria uma surra. Fora a Heloísa Helena. Teve um amigo (Daniel) meu que disse que votou nela só porque ela é pobre - sempre usa a mesma roupa.

Como eu havia dito num post sobre o primeiro turno o que mais me incomoda não é tanto a ladroeira que rola, mas a incompetência administrativa. O Brasil não tem capacidade para crescer 5% ao ano.

E não é coisa de pessimista, nem de radical. É um fato comprovado. Para prover um crescimento deste, a oferta de energia elétrica teria que aumentar, coisa que não está acontecendo. O projeto da usina de Belo Monte ainda está no papel, empacada pela burocracia (ah, deixa eu deixar meu descontentamento com o poder jurídico aqui também). Para se ter uma idéia, essa usina seria quase do porte de Itaipú e deveria ter sido começada a dois anos atrás. Isso para evitar um futuro racionamento de energia em 2009. Além de outras usinas de menor porte, em sua maioria termoelétricas.

Lembro que numa das séries de entrevista promovidas pela rede globo para o segundo turno, pessoas ligadas ao planejamento do plano de governo dos candidatos respoderam a várias questões como essas, sobre energia, transporte, etc... toda a infraestrutura necessária para prover o crescimento de uma nação. E o pior é que o PT tentou tampar o sol com a peneira, afirmando que não há riscos sobre o fornecimento de energia, nem maiores preocupações com o transporte.

Com o transporte por exemplo, transportar uma tonelada aqui no Brasil é quase 2/3 mais caro do que nos Estados Unidos. O Brasil faz pouco uso de potenciais como hidrovias e ferrovias, além de estradas mal cuidadas (principalmente onde o Lula teve a maior votação).

Mas os dados e estatísticas dizem justamente o contrário. Essa bandeira de crescimento continuado é falsa é o Brasil está restrito à estagnação na melhor das hipóteses. Crescimento de 5% só na boca dos governistas.

Não bastasse isso na esfera federal, para meu estado (São Paulo), o eleito José Serra do PSDB, além de ter abandonado a prefeitura, da qual ele tinha até um termo de compromisso assinado em cartório afirmando que não abandonaria para as eleições de 2006, a deixou nas mãos de ninguém menos do que Gilberto Kassab. Para quem não está por dentro, esse tal Gilberto Kassab está envolvido em quase tudo o que deu errado na cidade e no estado de São Paulo. Desde a época do Fleury ele tá pisando no tomate. Deitou e rolou na época do Maluf e de seu sucessor Celso Pitta. Mas como era sempre secretário ou vice-prefeito, seu nome pouco figurava na mídia, apesar de coordenar ou fazer parte das mais diversas maracutaias.

Agora a paulada no legislativo. Onde já seu vi um aumento de 91%! Compare isso com a inflação acumulada no período (menos de 30%). - Mas vamos cortar os gastos... Corte de gastos? Onde? No auxílio moradia? Mas a verba destinada a manter escritórios nas cidades de origem, gastos com o escritório em Brasília e gasolina ninguém mexe.

Pouca gente lembra de um candidato que gastava por mês com gasolina mais do que se ele rodasse o mês inteiro, 48 horas por dia, 15 dias por semana, 15 semanas por mês. Isso também figurou por dois ou três dias na mídia e sumiu-se.

E os R$ 50.000 por mês destinados a gastos com o gabinete em Brasília, que podem ser gastos inclusive na contratação de parentes.

ê laia... e o Aldo Rebelo ainda fica com aquela cara deslavada. Pelo menos o Lula tá mais malandro e não tá dando pitaco.

Além de dança, pizza, e outros eventos sociais que rolam no Congresso Nacional, agora o aumento da mesada.... ai, ai...

Com o judiciário a coisa também estressa. De cada 10 processos apenas 2 são julgados. Um processo de falência demora em média 10 anos para ser concluído - isso se o empresário tiver toda a papelada em mãos. Depois querem crescimento de 5%, e afirmam que o Brasil é competitivo.

Estou no país errado. Nunca pensei em ir para os Estados Unidos. Também não estou pensando agora. Mas a Europa muito me atrai. Países do oriente também, mas e língua ainda incomoda.

Mídia
Acho que o caso que mais chamou a atenção este ano foi o acidente da Gol. Não é para menos.
Tudo bem que acho que todos tiveram sua parcela de culpa - controladores de vôo de Brasília e São José dos Campos - mas daí a limpar a barra dos americanos é um passo enorme.

Depois das investigações e análise dos registros - caixas pretas, cilindros de voz, documentação das torres de comando... - ficaram algumas coisas no mínimo mal esclarecidas.

A caixa preta do Boeing registrou a torre de Brasília tentando contactar o Legacy. Mas se o Boeing ainda estava a quilômetros do Legacy, como o próprio Legacy não conseguiu ser contactado? Por que o transponder não funcionou? Será que todo o sistema de comunicação do Legacy entrou em pane? Ou será que houve um: - ah, estamos sobrevoando a floresta amazônica, quem mais estaria voando neste lugar? Temos um avião, os índios não.

Não que toda a culpa deva recair sobre os americanos, mas uma parte significativa eu creio que sim.

Fora isso a mídia continua cada vez pior. Com as raras exceções de emissoras como a TV Cultura, o resto é resto.

Que post grande! Vou mandar outro.

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