sábado, março 10, 2007

Lixo eletrônico - Tipo 1

Antes de mais nada, vamos justificar o título desta postagem. O termo lixo eletrônico é usado indiscriminadamente para dois problemas distintos: o problema com hardware "obsoleto", e o problema com informação inútil/indesejada que está na rede. Discutirei os dois tipos em postagens diferentes.

A idéia de escrever sobre isso veio quando me perguntei há algum tempo: Afinal onde foram parar aqueles gabinetes bege, recheados com um Pentium 100 MHz e kit multimídia (que era só um leitor de CD e umas caixinhas de 2W de potência) da Creative? Enfim, fui atrás de informação na internet.

Eu queria levantar dados consistentes, de entidades de renome, para dar mais credibilidade ao trabalho. Sim, separar joio do trigo na internet pode ser uma tarefa bem infeliz, mas, com certeza, é muito compensadora. No final do post colocarei duas das principais fontes pesquisadas, e que contém um apanhado muito e completo sobre o assunto.

Descobri que o problema já é discutido até na ONU, entidade que já até lançou um relatório sobre o problema, e tem até uma denominação: e-lixo.

Junto com a nova denominação para o problema, há uma denominação para uma das soluções: metareciclagem.

É considerado como e-lixo, todo dispositivo eletrônico que acaba sendo descartado, entre os campeões estão celulares, PC's, aparelhos de televisão e aparelhos de rádio, mas também figuram ainda que discretamente os laptops, PDA's, handhelds, MP3 Players.

Isso causa um impacto ambiental que é pouco divulgado, entre os problemas estão vários tipos de contaminação por metais (mercúrio, cromo, cádmio, chumbo), arsênico, PVC, retardantes de chama. Isso traz riscos ao SNC, sistema reprodutor, tireóide, câncer, complicações de funções motoras, de faculdades intelectuais como a memória e a capacidade de raciocínio, entre outros males. O mais grave é que muitas das substâncias tóxicas são persistentes no ambiente e tóxicas em quantidades baixas.

A ONU, em seu relatório estima que entre 20 e 50 milhões de toneladas de e-lixo são descartadas por ano, e esse número tende a triplicar nos próximos 5 anos [ano de referência: 2005].

Dentre as soluções, destaco três: o reaproveitamento, a doação, e a manufatura limpa.

O reaproveitamento, a grosso modo, consiste de montar frankeinsteins e deixá-los para tarefas auxiliares que exijam menos capacidade da máquina, ou fazer upgrades. A idéia é pegar aquele gabinete bege, com seu Pentium 100, e usá-lo como roteador e/ou firewall, ou como um servidor de impressão. E nesse tipo de solução o software livre tem um papel muito importante, visto que ele tem a flexibilidade necessária para essa descentralização de atividades. Isso sem falar na parte que mais dói na hora de investir em tecnologia: o bolso.

O reaproveitamento pode significar uma diferença enorme no orçamento; quanto maior o projeto e o reaproveitamento aplicado, maior a economia. Mas falando em cifras, há casos de associações civis que montaram telecentros com 40 máquinas para comunidades carentes desembolsando ao total cerca de R$5000,00. Sabe-se lá o que é ter um ponto funcional gastando apenas R$125,00? Tudo isso graças à boa-vontade e ao uso racional de recursos.

A doação tem o lado social positivo, principalmente no que diz respeito à inclusão digital, tema que vira e mexe está na mídia, mas que pouco se vê, a não ser pelas lan houses crescentes nas periferias das grandes capitais. Por favor não confunda a idéia com "doar a televisão velha para um catador de lixo". A doação a que me refiro é a feita a entidades de projetos assistenciais como a AACD e as Casas André Luiz. Segundo o diretor das Casas André Luiz, 50% do faturamento vem da venda de artigos eletrônicos doados. Assim, a tecnologia fica mais acessível às classes menos favorecidas, e os trabalhos sociais também ganham.

A manufatura limpa está atrelada a decisões estritamente políticas, e o único destaque, por enquanto, está na União Européia. Leis proíbem as empresas de projetar e manufaturar produtos (mesmo que seja apenas durante um processo) que contenham substâncias agressivas ao meio ambiente, além de obrigar os fabricantes a se responsabilizarem pelo tratamento adequado dos equipamentos descartados. Essa é uma decisão audaciosa, fazer o produto sair ecologicamente correto de fábrica, já que há implicações econômicas sérias para as empresas.

Aqui e aqui estão os links que falei no início do texto. Se o tema interessou, vale a pena dar uma olhada. Há mais informações, abrangendo discussões sobre aspectos legais mais aprofundados disso tudo, e um panorama mundial melhor colocado do que esta simples postagem.

Té+.

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